Oh! Deixa-me chorar!
 
Oh! Deixa-me chorar a dor que em mim lateja,
secar não tenta, não, a gota que já brota,
porque nasceu de mim, minou na minha grota
e ensaia já cair, na tez rolar sobeja.
 
E não me importo, não, que todo mundo veja
a dor que me corrói, que ao mundo, enfim, denota,
que caia em minha tez e escave a própria rota,
e deixe na alma paz, que é sempre benfazeja.
 
Oh! Deixa-me chorar, viver o luto todo,
e desfazer-se em mim, e não tornar-se lodo...
Oh! Deixa-a, assim, correr, até formar cascata.
 
Soltar, desejo, sim, o nó que não desata,
que embarga a minha voz, e tem pressão exata:
que caia o pranto todo, e role com denodo.
 
Cuiabá, 19 de Outubro de 2009.

Absinto e Mel, página 75

 
 


Facebook, 04 de Agosto de 2011.

 
Rita Sovatti Vossa crítica vos fala. rsrs. Obrigada pelo carinho dos companheiros de batalha literária. Muito obrigada. Estou bem melhor e feliz por me deparar com esses lindos versos da Edir (como sempre). Aprendam, como eu, aqui, com ela. São versos de quem sabe o que faz. Versos graves, na acepção técnica do termo, porque terminados em paroxítonas. Dodecassílabos (12 sílabas métricas) alexandrinos, pois com todas as tônicas nas sextas e décimas segundas sílabas, formando dois hemistíquios.  Hemistíquio, caso alguém não saiba, é cada uma das metades (iguais ou desiguais) em que a cesura ('pausa') divide o verso, especialmente o verso alexandrino. Beijos a todos.
 
Nivaldo Ferreira Poeta Rita Sovatti, que sublime explicação. Bom, como nada sei, simplesmente admiro quem sabe. E a nobre Poeta Edir, é simplesmente MAGNÍFICA. Aplausos mil poeta Rita.
 

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/08/2011
Reeditado em 06/08/2020
Código do texto: T3138549
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