SONETO DE PAIXÃO
Por tantos outros, por tantos mil,
Tantos prantos por tantos amores,
Tantos me foram e cada ardil
Que adentrou a alma os despudores.
Na noite o delíquio escorre plangitivo,
A solidão ampara as gotas salsas,
Sulcando a face, rubrando instintivo,
Vendo escorregar suas lindas alças.
E percebendo-se de que não a terá mais
O prazer de sentir a pele duma sereia,
As alças caindo, efeitos climais.
Então pôs-se a compor versos na areia,
O lamento, desejos fatais,
Se fez tantas rimas, teceu grande teia.
(YEHORAM)