AMANDO SOB AS ESTRELAS
Marcos Loures
Arrasto-me entre os becos, sorrateiro,
Percurso repetido todo dia.
Se outrora, por amor, me dei inteiro,
O que restou: a noite vaga e fria.
Dos sonhos, um eterno garimpeiro,
Entregue à delicada fantasia,
Se agora entre os esgotos, eu me esgueiro,
Procuro na sarjeta, poesia.
Amando sob estrelas, bebo a lua,
Encontro tua sombra pela rua
E finjo acreditar no grande amor.
Aos poucos, agrisalham-se os cabelos,
Quem dera, teus carinhos inda tê-los,
Do esterco nascerá enfim a flor?
Reminiscências
Edir Pina de Barros
Restou-nos só a noite vaga e fria
daquele amor repleto de inocência,
de nossa alegre e terna convivência
tão cheia de ilusão, de fantasia.
Eu bebo o vinho dessa nostalgia,
delindo as dores dessa tua ausência,
vivendo mesmo à beira da demência,
a delirar de dor, sem ter valia.
As lágrimas, não posso, não, contê-las,
a recordar sereno amor, ternura,
que trago, com carinho, na memória.
E vago o meu olhar por entre estrêlas,
buscando a tua sombra em noite escura,
porém a minha busca é vã, inglória.
Brasília, 22 de Julho de 2011
ESTILHAÇOS, pg. 76
Procuro inutilmente quem me traga
Além deste vazio imenso e rude,
O sonho que deveras me transmude,
Cicatrizando na alma a velha chaga.
Minha alma sem sentido segue vaga,
Ainda quando a lua em plenitude
Apenas num momento desilude,
Na torpe solidão da escusa plaga.
Amores de um passado que, distante,
Anunciando um passo agonizante
Em meio às constelares esperanças.
O tempo não trouxesse qualquer chance,
E quanto mais a dor, agora avance,
À tosca solidão, tu mais me lanças.
MARCOS LOURES
Desencontro (2)
Edir Pina de Barros
À tosca solidão sem fim me lanças
quando te vais além de minha estrada,
partindo, sem adeus, dizer-me nada,
deixando-me sem paz, sem esperanças.
E quando me aproximo mais avanças,
deixando-me mais só, desesperada,
nas sombras da tristeza mergulhada,
entregue à intensa dor, desesperanças.
Além desse vazio imenso, imposto,
(fonte maior de minha dor, desgosto),
restaram-me os fantasmas, teus sinais.
E nos meus devaneios noturnais,
ouvindo, dentro em mim, os próprios ais,
eu vivo a delirar, sem ver teu rosto.
Brasília, 27 de Julho de 2011.
Seivas d'alma, pg. 94
Um pária coração buscando o alento
Que a vida tantas vezes me negara,
Ainda quando a noite se faz clara
Apenas no tormento me alimento,
O sonho conduzindo ao sofrimento,
A sórdida expressão que se escancara
Do amor quando em verdade nada ampara,
A queda se anuncia num momento.
Pudesse pelo menos ter o abrigo
De quem tanto desejo e não consigo,
Porém ao longe ouvindo, enfim, teu nome,
Acordo e me preparo. Inutilmente,
Somente este vazio se apresente,
E o som, perdido ao vento, logo some...
MARCOS LOURES
Alento
Edir Pina de Barros
Alento hás de encontrar no meu regaço,
sentindo o meu calor, o meu perfume,
na noite fresca, vendo vagalume,
distante da tristeza, do cansaço.
Não deixes, não, que vire pó, se esfume
a chama da paixão, que verga o aço,
que escapa pelo beijo quente e lasso,
e ofusca a luz solar, seu brilho, lume.
Se tudo terminar depois, querido,
há de restar em nós a soledade,
lembranças que ninguém e nada apaga.
Trilhemos nossa estrada, a nossa saga,
sem mais pensar que tudo é vanidade,
quem vai ferir, ou vai sair ferido.
PURA CHAMA, pg. 54
Marcos Loures
Arrasto-me entre os becos, sorrateiro,
Percurso repetido todo dia.
Se outrora, por amor, me dei inteiro,
O que restou: a noite vaga e fria.
Dos sonhos, um eterno garimpeiro,
Entregue à delicada fantasia,
Se agora entre os esgotos, eu me esgueiro,
Procuro na sarjeta, poesia.
Amando sob estrelas, bebo a lua,
Encontro tua sombra pela rua
E finjo acreditar no grande amor.
Aos poucos, agrisalham-se os cabelos,
Quem dera, teus carinhos inda tê-los,
Do esterco nascerá enfim a flor?
Reminiscências
Edir Pina de Barros
Restou-nos só a noite vaga e fria
daquele amor repleto de inocência,
de nossa alegre e terna convivência
tão cheia de ilusão, de fantasia.
Eu bebo o vinho dessa nostalgia,
delindo as dores dessa tua ausência,
vivendo mesmo à beira da demência,
a delirar de dor, sem ter valia.
As lágrimas, não posso, não, contê-las,
a recordar sereno amor, ternura,
que trago, com carinho, na memória.
E vago o meu olhar por entre estrêlas,
buscando a tua sombra em noite escura,
porém a minha busca é vã, inglória.
Brasília, 22 de Julho de 2011
ESTILHAÇOS, pg. 76
Procuro inutilmente quem me traga
Além deste vazio imenso e rude,
O sonho que deveras me transmude,
Cicatrizando na alma a velha chaga.
Minha alma sem sentido segue vaga,
Ainda quando a lua em plenitude
Apenas num momento desilude,
Na torpe solidão da escusa plaga.
Amores de um passado que, distante,
Anunciando um passo agonizante
Em meio às constelares esperanças.
O tempo não trouxesse qualquer chance,
E quanto mais a dor, agora avance,
À tosca solidão, tu mais me lanças.
MARCOS LOURES
Desencontro (2)
Edir Pina de Barros
À tosca solidão sem fim me lanças
quando te vais além de minha estrada,
partindo, sem adeus, dizer-me nada,
deixando-me sem paz, sem esperanças.
E quando me aproximo mais avanças,
deixando-me mais só, desesperada,
nas sombras da tristeza mergulhada,
entregue à intensa dor, desesperanças.
Além desse vazio imenso, imposto,
(fonte maior de minha dor, desgosto),
restaram-me os fantasmas, teus sinais.
E nos meus devaneios noturnais,
ouvindo, dentro em mim, os próprios ais,
eu vivo a delirar, sem ver teu rosto.
Brasília, 27 de Julho de 2011.
Seivas d'alma, pg. 94
Um pária coração buscando o alento
Que a vida tantas vezes me negara,
Ainda quando a noite se faz clara
Apenas no tormento me alimento,
O sonho conduzindo ao sofrimento,
A sórdida expressão que se escancara
Do amor quando em verdade nada ampara,
A queda se anuncia num momento.
Pudesse pelo menos ter o abrigo
De quem tanto desejo e não consigo,
Porém ao longe ouvindo, enfim, teu nome,
Acordo e me preparo. Inutilmente,
Somente este vazio se apresente,
E o som, perdido ao vento, logo some...
MARCOS LOURES
Alento
Edir Pina de Barros
Alento hás de encontrar no meu regaço,
sentindo o meu calor, o meu perfume,
na noite fresca, vendo vagalume,
distante da tristeza, do cansaço.
Não deixes, não, que vire pó, se esfume
a chama da paixão, que verga o aço,
que escapa pelo beijo quente e lasso,
e ofusca a luz solar, seu brilho, lume.
Se tudo terminar depois, querido,
há de restar em nós a soledade,
lembranças que ninguém e nada apaga.
Trilhemos nossa estrada, a nossa saga,
sem mais pensar que tudo é vanidade,
quem vai ferir, ou vai sair ferido.
PURA CHAMA, pg. 54