SALVA-ME
Espalha! Sopra a tua aragem nos meus dias,
pois me sufoco nos opacos das ausências...
Traz, com teu sol, mais mil estrelas luzidias,
acolhe, em asas anjas, minhas divergências...
Vem levitar-me nas levezas alvadias
dos teus olhares, beijos, risos, florescências
da tua orquídea em descampados de agonias
nos quais serpeio, ruminando as inclemências...
Rasgado às ruas que me arranham raiva e sede,
roendo o enredo que me arrasta em rude rede
e raspa, ríspido, os meus riscos de rancor...
Vem lindamente, lisa lâmina lasciva,
lambe-me lânguida, vem, lava-me a saliva
no méleo lábio teu... Enlaça-me no amor!