SALVA-ME

Espalha! Sopra a tua aragem nos meus dias,

pois me sufoco nos opacos das ausências...

Traz, com teu sol, mais mil estrelas luzidias,

acolhe, em asas anjas, minhas divergências...

Vem levitar-me nas levezas alvadias

dos teus olhares, beijos, risos, florescências

da tua orquídea em descampados de agonias

nos quais serpeio, ruminando as inclemências...

Rasgado às ruas que me arranham raiva e sede,

roendo o enredo que me arrasta em rude rede

e raspa, ríspido, os meus riscos de rancor...

Vem lindamente, lisa lâmina lasciva,

lambe-me lânguida, vem, lava-me a saliva

no méleo lábio teu... Enlaça-me no amor!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/07/2011
Reeditado em 24/07/2011
Código do texto: T3110933
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