Augusto, Anjo Hediondo

Poeta das coisas hediondas

Explica-me onde mora a beleza

Que eu deixei de sabê-la apenas em flores

Quando amei a tua rudeza

Não poderias descrever com leveza

A traição, a crueldade, a avareza

Perdoa o coração que em suas dores

Não forja do lixo a delicadeza

Anjo, hedionda é a face macabra

Disfarçada em humana pureza

Que lhe atormentava as madrugadas

São doces teus ácidos sonetos

Que à dor emprestam beleza

Imaculados hinos solidários à tristeza.

Jane Simões

18/07/2011

*Para Augusto dos Anjos, que uma vez definiu-se em poema como “O Poeta do Hediondo”.

Jane Simões
Enviado por Jane Simões em 18/07/2011
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T3103742
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.