SARJETA
Andava em desalinho com sua vida descosturada,
Qual a fugir abandonando-se sem nenhum brilho,
Fez-se deitar na sarjeta dos ébrios desta calçada,
Cheirando como defunto sem nome e maltrapilho.
Oh, que dor! Misericórdia deste vomito humano,
Eis que de todos a verem, estão num faz de conta,
A passarem sobre as lições da vida, ano após ano;
Dão de ombros a uma criatura que lhes desaponta.
Uma mentira onde o próprio destino o sacrificou,
Sem saber a verdade desse lamento em insanidade;
Pensavam no amanhã do hoje, que fim já te levou...
Por este caminho da maldade que se fez sem piedade,
Num ser que dorme urinado..., pelo preço que pagou,
Ignorado no poder do vício, desta maldita sociedade.