Espelhos
Edir Pina de Barros
 
Em mil espelhos fui buscar as minhas faces,
as fantasias vãs e tudo que hei sonhado,
mas nada vi além do tempo já passado,
nas tantas marcas, tão profundas, os impasses.
 
Também  revi em cada espelho as interfaces,
e refletido, em cada lado,  um novo lado,
amante, mãe, mulher, amiga, em cada fado,
dos sentimentos, vários  tons e tantas classes.
 
Uma feliz, tristonha a outra e a outra pura,
uma guerreira, santa a outra e a pecadora,
a cerzideira, a vil, a mestra,  a que pesquisa.
 
Mas todas ficam logo livres da clausura,
no instante em que verseja a vida, a trovadora,
que não respeita nem fronteira, nem divisa.
 
Brasília, 17 de Julho de 2011.
Livro: ESTILHAÇOS, pg. 61
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 17/07/2011
Reeditado em 17/10/2020
Código do texto: T3100107
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