NARCISO
Fagner Roberto Sitta da Silva
Não sei se por amor ou por loucura,
tombei como o belíssimo Narciso
no espelho de águas mansas de um sorriso,
não vendo que era a fria sepultura.
E só depois senti a noite escura
pulsando igual relógio impreciso,
inútil mecanismo em decisivo
instante desta minha vã procura.
Vi que as límpidas águas, pouco a pouco,
ficaram revoltosas como um mar
em meio ao turbilhão do vento rouco,
que, enfim, transpus no anseio de encontrar,
singrando feito marinheiro louco,
novas águas de um calmo navegar...
Garça (SP),12 de julho de 2011.