A MARIPOSA TONTA
Na branca luz da lâmpada que me analisava,
De repente, apareceu uma mariposa tão bela;
Volitava na claridade, logo, tonta se cansava!
Eu a olhar, tentando entender a atitude dela...
Depois, pausava em desalinho de pouso brusco,
Persistia em um novo ataque, por qual critério?
Quem sabe? Talvez, mesma maneira eu busco,
No farfalhar de asas teimosas, algum mistério!
Mesmo ferida, sapecada, alçava o vôo sofredor,
O intenso brilho de alguma forma ela desejava;
No meu quarto..., a mariposa mostrava sua dor.
Finalmente sem resistência, exausta descansava;
Da piedade por vê-la quase morta, fiz um favor!
Abri a janela, no negro da noite, livre ela voava!
Saiba um pouco mais do porquê?
As mariposas e outros insetos voadores parecem sofrer uma atração suicida pela luz das lâmpadas artificiais. Quando encontram uma, ficam voando em círculos até ir seguir em linha reta para a morte e acabam fritas no bulbo quente. Alguns pesquisadores têm algumas hipóteses para este comportamento mortal.
Entomologistas acreditam que as mariposas voam em direção à luz artificial porque o brilho confunde seu sistema interno de navegação. Estes insetos não evoluíram entre luzes artificiais, mas sim, com a iluminação distante do sol, da lua e das estrelas. Por causa de um comportamento chamado orientação transversal, alguns insetos voam em um ângulo constante relacionado a uma fonte de luz distante, como a lua, por exemplo.
Mas com a luz criada pelo homem, o ângulo muda quando elas passam pelo objeto e as confunde. “Achamos que elas ficam deslumbradas pela luz e, de alguma maneira, atraídas”, comenta o entomologista Jerry Powell, da Universidade da Califórnia.
Contudo, esta teoria tem um problema. As lâmpadas são realmente recentes, mas fogueiras são acesas há milhares de anos e também atraem as mariposas. Os cientistas se perguntam se a seleção natural não teria eliminado as mariposas cujo instinto as fizesse voar em direção da luz.
Além disso, Powell questiona se elas realmente navegam de maneira transversal. “Tenho dúvidas sobre a idéia de que elas usariam a luz da lua para se orientar. Isto poderia ser uma característica das espécies que migram, aí sim, poderia ser. Mas isso não explica os outros 50 ou 70% das mariposas que são pequenas, não migram e parecem se orientar pela luz”.
Existe outra teoria, da década de 1950, do entomologista Philip Callahan, do departamento de Agricultura do governo dos EUA. Ele descobriu que o espectro de luz infravermelho emitido pela luz de uma vela tem a mesma freqüência de luz emitida pelos feromônios das mariposas fêmeas. Ele descobriu que os feromônios eram luminescentes, apesar de seu brilho ser bem discreto. Assim, os machos seriam atraídos pensando que aquela luz seria uma fêmea querendo cruzar. “Eles ficam tão atraídos que morrem na tentativa de se reproduzir”, escreveu Callahan.
Esta hipótese também tem alguns furos. De acordo com Powell, luz ultravioleta é muito mais atraente aos insetos do que a infravermelha. Não há nenhuma razão para a luz UV atrair um inseto sexualmente, pois ela não contém os mesmos comprimentos de onda que os feromônios.
A lua parece ter um papel importante neste mistério. Entomologistas descobriram que as mariposas são menos atraída pela luz artificial durante a lua cheia. “Pessoas costumavam dizer que não se consegue capturar mariposas com lâmpadas UV durante a lua cheia porque elas estão voando em direção à lua. Mas isso é ridículo, porque elas não podem continuar seus ciclos de vida se estão voando em direção ao satélite”, diz Powell.
Ele parece estar certo. “Um estudo escandinavo mostrou que o caso não é falta de atração pela luz, mas, na verdade, durante a lua cheia elas ficam menos ativas porque a claridade diminui pouco”, explica ele. Geralmente, a escuridão dispara a atividade das mariposas.
Nenhuma explicação foi conclusiva o suficiente, as pesquisas continuam. Por enquanto, resta observar o comportamento kamikaze destes insetos.