Vampiro
Trilhou as alamedas verdejantes
dum sonho mergulhado em sangue quente.
Rocambolescos feitos, repugnantes
actos abarrotaram a sua mente.
Cascalhou altos gritos retumbantes,
nos píncaros dos montes, ao sol-poente.
Lançou dardos de raivas escumantes
no peito nu do mais abúlico ente.
No infinito do sangue buscou poiso
para remoer cadáveres ignotos
na doce mansidão de hábitos rotos.
Trucidando, buscou ideais remotos
dum frenético sonho vampiresco,
com trejeitos medonhos e grotescos.
(Negrelos, 11/08/1972)