Sonhos e véus
 
Em meio a turbilhões dos mais voraces,
a versejar seguimos, sem pudores,
cantando as alegrias, nossas dores,
sonhando nossos sonhos mais fugaces.

E sonho com teus beijos mais audaces,
o bálsamo sagrado dos amores,
essências e perfumes de mil flores,
teu cheiro, teus carinhos, teus enlaces...

Na íris de teus olhos eu me vejo
sou garça revoando nos teus céus,
por sobre os véus de luz do teu olhar...

E assim sonhando eu vivo por te amar,
perdida nos enlaces desses véus,
nas rendas mui doiradas do desejo.
 
Brasília, 21 de Junho de 2011.
 Pura chama, pg. 65

Da crítica Rita Sovatti
Gosto desse seu jeito de escrever, Edir. Mais arcaico, ligada à norma culta. Tem me chamado bastante a atenção. Vorace e fugace no lugar de voraz e fugaz. E 'mui doiradas' combinou muito bem ao uso formal dos dois vocábulos. Creio que as reticências aí estejam ,também, para resguardar a memória do culto e do mais antigo, já que desnecessárias na poesia contemporânea, pois o entendimento hodierno é o de que a linguagem poética há é, de per si, reticente. Lindos e excelentes versos. É sempre muito bom ler coisa boa e bem construída. Parabéns.

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 21/06/2011
Reeditado em 18/04/2014
Código do texto: T3048179
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