CRUZ
Aparta-te de mim, versar plangente,
não quero-te no sangue, ó vilania!
Afasta a lava tua incandescente
dos meus floridos vales de poesia.
Anseio o verso brisa assim macia,
de sol, brandura, sonho displicente,
luares claros, leve melodia,
de inspirações singelas, inocente.
Ah, vai-te com saudade toda em dor
montada no teu dorso, a parasita.
Liberta meu poema, cruz maldita!
Ai, que ilusão estéril! É impossível
versar asinha, anjinho, céu incrível
a um ser abandonado pelo amor.