FORASTEIRO (3 E 4) conto

FORASTEIRO (3) (contos)

Abrigava solidões sob brancos cabelos,

guardando lembranças de anos da juventude.

Não amargaria hoje a grande solitude;

não sentiria vazios seus laços e elos.

Dizendo de si pra consigo – como pude,

aceitar do fadário tão poucos desvelos,

se a minha razão sugeria ao corpo em tê-los?

Sinto a vida, madrasta e cafona – tão rude.

Foi refém de si mesmo por ser forasteiro;

se ungiu de solitude em seu micro mosteiro.

Cordões de silêncio amarram seu coração.

Quando se deu conta das vilezas abstratas,

verberou-se com realidades baratas;

e afogou-se em águas da própria solidão.

Afonso Martini

030611

FORASTEIRO (4) (conto)

Uiva a solidão nos quatro cantos da vida;

a dor profunda se instala n’alma e persiste;

melífluo antídoto pra essa dor não existe;

adoecem órgãos do corpo sem guarida.

E assim viveu a existência insípida e triste,

anos após anos, sozinho em sua lida,

dela degustou só a solitude sofrida,

mamou carências de amara dor que ainda insiste.

Ainda que, às vezes gratuitas, gratuitamente,

Várias amigas hospedem nele amizades,

são promessas feitas eletronicamente.

Ele acredita no amor, amor sem maldades,

Nesse amor que se vive a dois intensamente,

Um amor consumado que deixa saudades.

Afonso Martini

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 09/06/2011
Reeditado em 17/06/2011
Código do texto: T3025068
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