F O R A S T E I R O (1 e 2) conto
Estou tentando inovar a poesia, no meu caso, o soneto,
construindo um conto, feito de sonetos. Este conto terá
continuação com mais dois sonetos a serem postados na sexta-feira da próxima semana e, assim, sucessivamente, até o ponto final, nas sextas. Espero que gostem da ideia. Boa leitura.
FORASTEIRO (1) (conto em sonetos)
Firme em seus propósitos o ádvena, chegando,
introduz-se no social e arromba altezas.
Os de cá não notaram de pronto as finezas
e ele não se impôs, não protestou comando.
Simples, até humilde, não ostentou riquezas,
falava pouco, no saber se ensimesmando;
a voz ninguém lhe ouvia, mas pressionando
teclas, que falavam por ele... profundezas.
Era o poeta, com seu jeito cavalheiro,
que só foi notado por bela confeiteira
quando em sua casa comprava seus confeitos.
Dia sim outro não, cândido, vagaroso,
ao passar, levava um quitute saboroso,
e ganhou, com sua postura, seu respeito.
280511
O FORASTEIRO (2) (contos)
Morava só. Veio de outro Estado. Quase ignoto,
Em tosca quitinete mal se colocara.
Sua tralha num móvel antigo guardava;
Computador, cama, mais alfaia já rota.
Era tudo o que de momento lhe bastava.
veste-se simples, comum, não usava bota.
Dorme sob o olhar complacentre de uma foto.
Livros, uns cem. Rude prateleira os guardava.
Ao lazer dedicava momento aguado,
Quando na fala com amigas do teclado,
Contava-lhes da sua solitária vida.
Ocupava o tempo escrevendo textos, ou lia;
de estro forte, a verve criava a poesia
e assim era o dia-a-dia da sua lida.
280511