Soneto de autoria de Marcos Loures
Apenas nesta fúria que me invade
Traduzo o quanto pude e não viera
A senda noutro tanto destempera
E gera dentro em nós voracidade,
O risco a cada passo em tempestade
Marcando com terror a dura fera
Traçando o quanto possa esta quimera
Vagando contra toda a liberdade.
Esbarro nos meus erros, desalento
E tanto quanto possa me arrebento
Nas rocas, penedias e rochedos,
Ausento dos caminhos desde outrora
E enquanto esta agonia me devora
Enfrento sem temor meus desenredos.
Resposta a Marcos Loures
Lamento
Ah! Essa fúria que, sem dó, te invade,
e que traduzes neste teu poema,
que exala, em cada verso, dor extrema,
o teu viver em meio à tempestade.
Nessa agonia intensa e tão suprema,
tomado por voraz ferocidade
tu vagas contra toda a liberdade
a versejar, ao léu, o teu dilema.
O risco a cada passo, o desalento,
o arrebentar nas pontas dos penedos,
não te trarão, jamais, o não vivido...
Dai o teu soneto mui sentido,
esse buscar em ti teus desenredos,
esse soneto em forma de lamento...
Brasília, 29 de maio de 2011.