RUSGAS DOMÉSTICAS
RUSGAS DOMÉSTICAS
O estro dormitando não sai da doce cama,
creio que tomou um porre de desilusão.
Há dias anda às turras com o coração;
grita-lhe que não tem mais sua antiga fama.
Mas meu coração é teimoso e por paixão
não sai das veredas do sul e só reclama
das pedras da rua e mesmo ferido, ainda ama,
mas fere os pés da alma no êneo sonho ilusão.
Diz-lhe o estro que desdenhe a bússola quebrada,
que não tem mais norte; não indica mais nada;
que seu ponteiro tem tempo de uso vencido.
Porém, teima e reclama o senhor do meu peito,
que conhece e respeita a lei de causa e efeito;
que o monjolo ainda pila ao pulsar dos sentidos.
Afonso Martini
240511