RUSGAS DOMÉSTICAS

RUSGAS DOMÉSTICAS

O estro dormitando não sai da doce cama,

creio que tomou um porre de desilusão.

Há dias anda às turras com o coração;

grita-lhe que não tem mais sua antiga fama.

Mas meu coração é teimoso e por paixão

não sai das veredas do sul e só reclama

das pedras da rua e mesmo ferido, ainda ama,

mas fere os pés da alma no êneo sonho ilusão.

Diz-lhe o estro que desdenhe a bússola quebrada,

que não tem mais norte; não indica mais nada;

que seu ponteiro tem tempo de uso vencido.

Porém, teima e reclama o senhor do meu peito,

que conhece e respeita a lei de causa e efeito;

que o monjolo ainda pila ao pulsar dos sentidos.

Afonso Martini

240511

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 24/05/2011
Código do texto: T2989643
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.