Desencanto

Quisera ser ao nada reduzida,
ou dele ser a mais etérea essência,
metáfora maior da própria ausência,
e nada ter, nem mesmo a minha vida.
 
Ou ser apenas sombra que, perdida,
sozinha andeja, à beira da demência,
sem paz, sem luz, contorno, consistência,
seguindo o vil destino, desvalida.
 
E desfazer-me, enfim, de tal miséria,
que torna a vida triste, deletéria,
quisera, sim, partir, buscar-me a mim,
 
me libertar do fardo da matéria,
do sangue que, correndo em minha artéria,
transporta a seiva dessa dor sem fim.
 
Brasília, 23 de Maio de 2011.
Seivas d'alma, pág. 31
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 23/05/2011
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T2988657
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