INGRATIDÃO
Eu que tanto busquei viver com nobreza
E de bom caráter sempre o peito enchia,
Na adversidade, no prazer ou autarquia,
Sem acepção de pessoas ou riqueza.
Dava amor imensurávelmente, doava eu,
Agia contigo na mais pura cortezia,
Cavalheiro, abnegado, dado a fidalguia,
Não hesitava em ser como Romeu.
Mas de tudo quanto fiz não deste valor,
Eu nunca ouvi tu declarares o teu amor,
Assim pensei: Ingrato coração, o teu!
Do que adianta o amor sem reconhecimento,
Se tudo quanto faz cai no esquecimento,
Se no fim de tudo o teu amor morreu?
(YEHORAM)