MISÉRIA

Do amor não sabe mais, pobre coitado

Quando brincava junto de verdade

Hoje se pega só, desesperado

Brinda a recordação com dualidade

E por assim dizer, fica aclarado

O bestial ultraje que lhe invade

Seja aonde for que fique, o sonho foi

Sob o êxtase da luz ou sob o breu

Seja-lhe tal fragmento como um véu

Tal homem compadece e se corrói

Sucumbe ante um cenário fariseu

Ébrio de si, que bebe como herói

E se exaspera e vira um cu-de-boi

Tropeça tonto e cai pelo tonel

Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 09/11/2006
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