SUFOCOS D'ALMA
SUFOCOS D’ALMA
Ouço o espírito dar passos de dança
na câmara mortuária dos sonhos.
Lembram duendes desnudos, medonhos
Matando cadáveres com a lança.
Dança macabra, simula demônios,
é sonho e delírio; é vã esperança;
fel misturado com doces lembranças
criando esquálidos seres - quelônios.
A face rosada do almejo fóssil
da alma alquebrada, machucada, indócil
Se enturma vivaz, mas logo fenece.
São gritos de ajuda; são prantos roucos,
que rosnam no peito quais feras loucas;
são ébrias solidões que na alma crescem.
Afonso Martini
190311