SUFOCOS D'ALMA

SUFOCOS D’ALMA

Ouço o espírito dar passos de dança

na câmara mortuária dos sonhos.

Lembram duendes desnudos, medonhos

Matando cadáveres com a lança.

Dança macabra, simula demônios,

é sonho e delírio; é vã esperança;

fel misturado com doces lembranças

criando esquálidos seres - quelônios.

A face rosada do almejo fóssil

da alma alquebrada, machucada, indócil

Se enturma vivaz, mas logo fenece.

São gritos de ajuda; são prantos roucos,

que rosnam no peito quais feras loucas;

são ébrias solidões que na alma crescem.

Afonso Martini

190311

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 19/03/2011
Reeditado em 20/03/2011
Código do texto: T2858519
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