S.O.S
Sou deserto desolado, alma fustigada
Germinal de sonhos, poesia inacabada
Sou sede insaciável, sonolento dardo
Musa metálica, indomável, olhos pardos.
Sou rituais planetários, sulfúricos, seminais
O sonho insepulto que dorme acordado
Debulhar de lágrimas, acre riso parco
Esperma espremido de sabores sazonais
Sou a mão trêmula, flâmula, paciência
Sou o silêncio, grito, morte, giz e dor
Metáfora eufórica, etérea, una, onírica.
Sou a agonia mendicante, explícita
O vão, a porta, o pão, a rota, amor
Mãe-terra, mãe-água a pedir clemência.