Atos de Amor em Dois Laços
I
De tal modo me criei em ti amor,
Me deste o sabor do céu do ventre!
No alvor dos teus braços, escutei: entre!
Me senti semente, me senti vigor!
Senti em ti flor, senti perfume de rosas!
Honrosas vidas que de ti sentiram!
O que senti de ti, de mim não tiram,
De mim não saem, só saem amor em prosas!
Qual pensar eu deveria ter, qual pensar?
Pois o pesar dos teus braços em mim,
Fizeram de dor, amor, fizeram sim!
Fizeram-me de menino, homem! Apesar
Dos erros, homem! Quem em ti não errou?
Hoje em teu peito sou, pois amor amarrou!
II
Renascerá em ti, amar! Perdoai meus erros?
Renascer em mim, viverei em tuas veias!
Tu não ceias em meus lábios o que semeias?
Não sou Deus, não sou nada, não sou Eros!
Esmero tanto o que de mim foi perda,
Mesmo qu'eu não erga os braços, perdão!
Assim pedirei a ti para voltar a ver clarão,
Para voltar a ser forte a fraca mão esquerda...
Com rosa em punho, apertarei os espinhos
E os olhos, pois tu se vieres ver-me, chorarás!
Serei como o fiel que ao santo, implorarás!
Serei da dor que arde sem se ver, carinhos!
Não mais serei a ferida que dói e não se sente!
Serei em teu ventre-amor, novamente semente!
26/01/2011