Lágrimas
Tu és alma que almejei em meus cantos,
Cantei tanto nos galhos da laranjeira...
Agora só se escuta rochas aos prantos,
É um cair tão leve das águas duma cachoeira!
Rasteira, ela corre como o sangue em veias...
Eu, eu agora entre meios de pesados olhos,
Nada faço e nada rogo o que tu semeias,
Apenas calo como as rochas que têm sonhos!
Creio que fui dono dum saco cheio de ouro,
Creio, tenho fé que era ouro, ouro de tolo!
Para um doente, talvez tijolos sirvam de consolo...
Eu carrego a fé, carrego a alma com meu couro,
Eu carrego as rochas, todas que sozinhas choraram...
Eu carrego tu que és o peso que meus olhos choram!