GARIMPAGEM

A métrica, há quem diga, é ultrapassada,

a rima é velha, estúpida, cafona.

Água do poço, quando chega à tona,

eu desconheço que não seja usada.

Difícil manejar a rima e a espada.

A métrica compor - a prima-dona

da suavidade, que não dá carona

à falta de harmonia na toada.

E assim, vão tantos atulhando a praça

de água-marinha, quando no garimpo

há diamantes puríssimos, sem jaça.

Só basta que o poeta suba o Olimpo

a alcança-los – se a luz não embaraça

nestes serrados que eu conheço e grimpo...