ÚLTIMO SONETO

ÚLTIMO SONETO

Jaz a morte a meu lado no leito, que horror,

lívida e ofegante, me fala de estertores

diz-me do corpo enfermo; me alerta das dores;

por troça toma-me a mão e oferta uma flor..

faz mais a morte, faz-me sentir dissabores

uma lenta agonia com muito calor

e meu corpo em frêmitos lavou-se em suor

fui branco e fui verde; fui lividez a cores.

E mesmo arfante, me ri na cara da morte

Disse eu que a vasca da morte é início da vida

Que a morte, prelúdio do azar, da alma é sorte

Se o corpo é instrumento que o espírito valida

liberando energia, faz o homem ser forte;

a cinza do corpo é chama que acende a vida.

Afonso Martini

210211

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 21/02/2011
Reeditado em 25/02/2011
Código do texto: T2806759
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