SOLITUDE DO LOBO

SOLITUDE DO LOBO

Estou solitário na orla da mata

carente de afeto, à margem de todos;

receio os pendores dos jovens lobos

lento, enciumado, que vida ingrata!

Lúcido, embora e brandindo meus rodos,

faço que não é a angústia que maltrata.

Longe das fontes, sou bibelô de lata

mas tento inserir-me por quaisquer modos.

Mas qual! Busco e retenho a hora que passa

Oh, tempo! És de outros, em viço e fulgor,

nostálgico emblema de humana praça.

Do belo à margem, sem cor nem sabor

estou um lobo manhoso que honra a raça

nas coisas d’alma que falam de amor.

Afonso Martini

190211

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 20/02/2011
Código do texto: T2803992
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