ENSIMESMANDO ATEÍSMOS
ENSIMESMANDO ATEÍSMOS
Por que voltaste ao hangar, teu paço inerme,
(se tu no espaço alcançavas latitudes,)
onde suportas mil grilhões em tons tão rudes,
sintas-te, embora, aqui, um pesado paquiderme?
Será por que teu ledo riso não te ajuda
na conquista da femínea e suave derme?
Se em venais auroras no amor tu foste cerne,
será que as bastas cãs tem já odor de ataúde?
Posto que a alma em sua essência nunca envelhece;
o coração padece amaras consequências,
lega ao corpo sua cruz, que também padece.
Será a dura lei do elemento a decadência
que se louva na idade e o doce amor fenece
nasce a vida, ama (ou não), obra e entra em falência.
Afonso Martini
180211