MEU SONHO MORTO *
Tem muito a ver comigo este retrato
Dum sonho que morreu sem ter morrido,
Jazia, pois inerte, sem de fato...
Deixar de respirar, só ter caído.
O amor que me morreu, não ter nascido...
Não mataria o sonho dum tão grato
Coração que de amor era incontido,
E pôs-me pra rezar o mais sensato.
Baixinho pra não ser inconveniente,
Com fé, quem sabe assim reconfortá-lo
Dessa morte que está viva ainda em mim.
Dormia entre umas flores pertinentes,
E eu, cá na minha crença fui vassalo
Do sonho que eu não cria ter um fim.
Luiz Moraes – fev/11.
* Inspirado no belo soneto SONHO MORTO de Florbela Espanca.