Miragem
 
No véu do tempo vejo a minha imagem,
esvanecida, triste, amortalhada,
envolta pela mádida folhagem,
pisando verdes musgos da calçada;
 
caminha ao lado dela, gris, cansada,
a sombra de quem fui... Ó, que visagem!
Nas cinzas do passado, mergulhada,
espio, de mim mesma, tal miragem.
 
Imagem sem fulgor, sem pulcritude,
que deixa dentro em mim tanta agonia,
e que dos tempos idos desentranho.
 
Imagem da tristeza e solitude,
a sombra que se esvai, silente e fria,
um simulacro só, de mim, antanho.
 
Brasília, 1° de Fevereiro de 2011.
Seivas d'alma, pág. 63
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 01/02/2011
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T2765563
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