Sombria
 
A despedida tua – meu desgosto –
tornou-me assaz dorida e amargurada,
que nunca mais amei, senti mais nada,
e pôs-me tantos vincos no meu rosto.
 
Tal dor causou-me a tua despedida,
que agora sou a imagem da tristura,
da mais sofrida e amarga criatura,
que vaga pela noite, desvalida...
 
A despedida tua, meu fadário,
tornou-me um pobre ente solitário,
apenas uma sombra suspirosa.
 
Não mais que frágil sombra desditosa,
que, apenas, a saudade, agora, esposa,
e arrasta, vida afora, o seu calvário.
 
Brasília, 28 de Janeiro de 2011.
Seivas d'alma, pág. 64




DESPEDIDA - Odir, de passagem

Dessa rua, que é minha, me despeço.
Cansei de seus cenários conflitantes.
Cenas de agora calam cenas dantes,
prensadas pelos passos do progresso.

Da janela ao amor perdi o acesso
(risos, beijos e acenos excitantes),
por isso dela mais amor não peço:
os vultos que me viam vão distantes!

Da minha rua restam-me as estantes,
nas estantes os livros onde expresso
sonetos sensuais às ex-amantes.

Sequer dos livros mais não me interesso.
Compulsando os seus últimos instantes,
dessa rua, que é minha, me despeço!

JPessoa, 28.01.2011


Obrigada, colega, pela interação! Abraços, Edir
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 28/01/2011
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T2757169
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