Noturna
 
Sorvendo a seiva dessas minhas dores,
eu vou cerzindo sonhos esgarçados,
outrora, dentro em mim, acastelados,
repletos de ilusões, de resplendores.
 
Sonhei demais, bebi do mel, candores,
e fui aos céus do amor, estrelejados,
que agora estão cinzentos, tão nublados,
meus sonhos transformaram-se em horrores.
 
Os inumados sonhos meus, quimeras,
razão de meu viver em outras eras,
são fontes de penares, dissabores.
 
Mergulho, agora, em mil brumais tristezas,
num mar de prantos, mágoas, incertezas,
haurindo a minha dor e os seus licores.
 
Brasília, 27 de Janeiro de 2011.
Seivas d'alma, página 121
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 27/01/2011
Reeditado em 17/08/2020
Código do texto: T2756405
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