CHAMUSCADA...
CHAMUSCADA...
Não dás mínimo crédito àquilo que digo,
após já ter tirado do couro a correia.
Foi podre o couro do mundo que te rodeia,
logo, achaste o homem, mas jamais um ombro amigo.
Se co’amor teço em torno de ti minha teia
e se as pontinhas manhosamente interligo;
se apesar disso comover-te não consigo,
pelo crime de não amar, mereces cadeia.
Mas é só pranto que meu coração conhece.
Não tenho teu amor, sendo tão amiga a lua!
Mistérios que a própria razão desconhece.
Sinto tua alma que em torno da minha flutua
e é com meiguice que a acarinho docemente.
Mas ah! Minha boca está tão longe da tua!
Afonso Martini
240111