S A U D A D E

S A U D A D E

Um sonho louco, espertado, desinibido:

eu fui rei por instantes; estava acordado.

Solitário na cama. Ninguém a meu lado,

nem no quarto, nem na casa. Estou combalido.

Mentalmente meu destino foi destilado,

Por que foi que o escrito secular não foi lido?

Homem sociável na solidão retido?

É culpa de quem? Do homem ou de ti, meu fado?

Ouço. Batem à porta. Abro e a casa ela invade.

Quem és tu, senhora indigesta, por favor?

Venho te fazer companhia. Sou saudade!

E ela tomou conta da minh’alma, que horror!

O punhal feriu fundo o peito, com maldade.

E ao ferir, fez-se lembrança de um doce amor.

Afonso Martini

Jan/2011

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 07/01/2011
Reeditado em 07/01/2011
Código do texto: T2714547
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