Soneto do profundo desamor
Do amor morreu-se a prosa, fez-se o verso,
Dos ouvidos desbotou-se o som,
Do instante atento, o tempo disperso
Fez do sofrer alheio um dom.
Este amor, estação do quando,
É um sentimento profundo que não sente,
É uma crença concreta e descrente,
É um gostar que gosta desgostando!
Este vulto que me despega a alma,
Esta força que na mão se espalma,
Tudo me tem nesta falta de ter,
Tudo me perde neste apego ao desprender!