Ritmo, métrica, metáfora
O ritmo do meu poema surge
da aceleração de meus pulsos,
que vem dar às minhas mãos
o anseio de carícias espalhadas
no toque dos seres;
O ritmo do meu poema surge
do latejar de minhas têmporas
nas ondas do pensamento
ao baterem na praia das idéias
diáfanas e esvoaçantes;
O ritmo do meu poema surge
do palpitar do meu peito
entre os calores dos seios
na busca do abraço ou
no cruzar dos braços sobre mim mesma
solitária dos apertos de outros braços;
O ritmo do meu poema surge
do som, do murmúrio baixo
que expira as dores, os desamores, as esperanças.
Vem também do suspiro profundo
se o amor é fecundo ou a paixão é voraz.
A métrica do meu poema vai
até onde a vista alcança
percorre as curvas da minha dança,
vem dos pés à cabeça no meu metro e sessenta
e se expande na largura de um braço a outro
tornando-se infinita
nas linhas paralelas das coxas domundo.
Minha métrica se alonga
do meu braço ao braço do outro
e tangendo as pontas de seus dedos
dos dedos de sua mão
pra penetras seus segredos,
segredos do coração
preenche minha imensa,
infinita solidão.
E minhas metáforas, ah, que são tantas!
Nelas me enredo, escorrego, me escondo, me procuro
e nem sempre me acho...
Me - meta - fora e por dentro da vida
que a lida mil vezes só finca,
só fica, poeta!
Helena de Santa Rosa
Niterói, 02 de novembro de 2010
11:58