Ciclos XXX
 
A vida é sempre assim, uma gangorra,
às vezes nós estamos lá em cima,
sem nada que nos fira, nos deprima,
ou traumas, dores,  íntima masmorra;
 
às vezes nada, nada nos anima,
ficamos tão entregues à madorra,
sem nada e sem ninguém que nos socorra
e a vida se resume a mera rima.
 
A vida tem mil gumes amolados
que rasgam sem piedade e num instante
os véus de nossos sonhos mais dourados.
 
Que seja uma navalha bem cortante,
e esgarce até os sonhos não sonhados,
mas seja, sempre assim,  demais pulsante.
 
Brasília, 13 de Outubro de 2010.
Livro: CICLOS, pg. 54
Tela: Gangorra, de Manoel Martins
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 13/10/2010
Reeditado em 10/09/2020
Código do texto: T2553721
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