A Pena Que Soltou a Franga
E ela soltou a franga de vez na praça
Dando as primeiras piruetas obscenas
A fim de seduzir a multidão fez graça
Virando esquinas, becos e ruas pequenas
E desenhou um D no ar D de devassa
E depois fez um S sensual em cena
E adentrou-se pela fresta na vidraça
Da panificadora Santa Madalena!
E nesse voo cego ao redor da massa
O fiofó dela marcou a maisena
E o padeiro com mãos de come o que assa
Correu atrás dela até a torre da antena!
E numa cambalhota mais escandalosa
Seguiu voando leve, livre, sã, serena
De uma vez por todas a pobre penosa
Peninha não terá jamais nenhum problema!
Desceu tirando uma casquinha buliçosa
Na mão do frade que perdeu o fio da novena
E a pena hoje escreve com tinta porosa
Soltando a franga na praça e roubando a cena!