A Pena Que Soltou a Franga

E ela soltou a franga de vez na praça

Dando as primeiras piruetas obscenas

A fim de seduzir a multidão fez graça

Virando esquinas, becos e ruas pequenas

E desenhou um D no ar D de devassa

E depois fez um S sensual em cena

E adentrou-se pela fresta na vidraça

Da panificadora Santa Madalena!

E nesse voo cego ao redor da massa

O fiofó dela marcou a maisena

E o padeiro com mãos de come o que assa

Correu atrás dela até a torre da antena!

E numa cambalhota mais escandalosa

Seguiu voando leve, livre, sã, serena

De uma vez por todas a pobre penosa

Peninha não terá jamais nenhum problema!

Desceu tirando uma casquinha buliçosa

Na mão do frade que perdeu o fio da novena

E a pena hoje escreve com tinta porosa

Soltando a franga na praça e roubando a cena!

João Germano Rodrigues
Enviado por João Germano Rodrigues em 24/09/2010
Reeditado em 14/11/2024
Código do texto: T2518764
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