LADO OBSCURO

Lado obscuro no dorso branco e nu...

Ah! Que carne vestida de alvo leite!

Nos teus músculos mui quero deleite.

A lascívia que lambe o lírio cru...

Tu tens asas sombrias de urubu...

Pois se tu me revelas claro enfeite,

Não, não há luz, portanto, que se deite

No tecido mais lúgubre que és tu!

Tudo corre entre sombras e mais luz...

O teu corpo de Cáucaso, algo impuro,

Ao terrível negrume me conduz!

Tu és nívea luxúria, sol no escuro,

O mais cândido luto que reluz.

Porque é vida raiada o lado obscuro!

Rommel Werneck

ANTOLOGIA ENCANTOS DO BRASIL, MADIO EDITORA

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