PERTO DO FIM

No espelho empoeirado, o meu retrato,
Com detalhes de um tempo soberano,
Inexorável a denunciar o maus tratos,
O congestionamento da pele, os danos.

Quase um nocaute, amarga surpresa,
Deparar com o ser cansado, envelhecido,
Deixou a minha alma sem ar - tristeza,
No rosto familiar de um desconhecido.

Pergunto perplexo - ignoro os fatos,
Onde estão aquelas cores do cotidiano,
Que reluziam nos meus olhos compactos?

Pobres olhos! Sentem o peso do sentido,
O debruçar lento das pálpebras indefesas,
Sentem o fim se aproximar... indefinido.