OS TEUS OLHOS
Devolvo os teus belos olhos desolada,
Mas, por que fazê-lo, se isso não almejo
E em dizê-lo, não sinto nenhum pejo?
Entregá-los-ei, pois, com a alma amargurada.
Os verdes olhos que me diziam ser amada,
Fitaram-me, aguçando-me o desejo,
Os azuis já me negaram um doce beijo,
Minh’alma chorou triste, rejeitada.
Pelos olhos castanhos fui desprezada,
Revendo meus conceitos agora vejo,
Na negritude dos teus olhos o ensejo
De ver esta dor do meu peito arrancada.
Devolvo-os, p’ra não cometer engano,
Neste soneto shakespeareano.
Fátima Almeida
12/04/2010