Soneto "psicografado" de Gregório de Mattos
Soneto "psicografado" de Gregório de Mattos
em resposta à sua evocação na Federação Espírita em Salvador, Bahia, alojada na casa em que morou o poeta.*
ou
Minha casa usurpastes, minha memória esquecestes
Jorge Linhaça.
Oh, vós que hoje outra vez m'evocais
Para dos versos ouvir meu cantar
Digo-vos hoje, outra vez nunca mais
Sois como as gralhas o ouro a furtar
Em minha casa os rabos sentais
Minha memória tentastes calar
Enquanto o amor aqui arrotais
Teces em contas o mais vil colar
De tantas casas de histórias perdidas
Viestes na minha buscar vosso abrigo
Nem vos lembrastes de toda uma vida
Quando, valente, enfrentava o perigo
Cá na Bahia, terra tão querida:
Só enxergastes aos próprios umbigos!
* Esta é uma obra de ficção que pretende
imaginar a resposta ferina do poeta diante do esquecimento de sua memória.
Arandu, 11 de março de 2010