Escravo de orelhas furadas
Sibilar suave, sopro sutil e manso,
Espírito que a nós todos nos sustém,
sentinela ardorosa que no remanso
nos mostra o Soberano, o mais perene.
Quando a tarde desnuda becos e ruas
regalando-me aquele silêncio santo
que sana os doloridos terríveis males,
levito eu pelas bátegas do alvo encanto.
Oh solidão, que sempre me ergue em teus braços,
embaralha-te ao sopro do mel divino
enquanto escrava meto-me nos seus laços,
de orelhas já furadas em sublime hino.
Se livre do pecado e serva de Deus,
como assídua estudante da caridade,
será meu verbo bálsamo azul sem adeus,
elixir que restaura a felicidade.
Assim me assumo e me reconheço como esravo de Deus...
o escravo das duas orelhas furadas.
(Dt 15:12-17)