Rio de flores
Mulher, à sombra da ilusão falaz,
Em que sonhei venturas, esplendores,
Lancei ao vento todos meus amores,
Já não te encontras, não te vejo mais!
Agora o peito quer repouso e paz..
Chora baixinho, a solidão é muda,
E só quem ama de verdade escuta,
A voz chorosa que o canário traz.
Bem sei! o amor na Terra é para poucos.
Pobre cantor, marche ao coral de roucos,
Terás tua voz unida às outras dores!
E então, chegando na mansão da morte,
Tu cumprirás a tua triste sorte:
- Colher espinhos sob um rio de flores!