Um nascituro póstumo

Meu nascimento, um póstumo engano!

Edênica força, poder apriorístico

Que, manifesto no coito insano,

Germinou eu: homem podre mefítico.

Sofreguidão desse vão amor mundano!

Falsos fulgores do lampejo místico

No novo fenômeno nada ufano.

Debilitado ser torvo, raquítico...

Gritando anátemas a quem criou-me.

Progenitores cegos, vosso erro

Incontornável, devido ao Lume,

Se acertará, enfim, no meu enterro.

Do éter divino, nunca mais, humana praga

Nenhuma tome forma nessa terra vaga!

01/12/2009

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 01/12/2009
Reeditado em 14/09/2016
Código do texto: T1954319
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