QUATRO SONETOS - "O CÉU COMO RECOMPENSA" (KNZ) - "O POETA E A NOITE" (ARÃO FILHO) - "A MORTE DO POETA" (ELEN NUNES) - "VOLTANDO ÀS ORIGENS" (JACÓ FILHO)
O CÉU COMO RECOMPENSA
Ao despedir-se um poeta desta vida,
leva consigo incontáveis dores,
a lembrança de todos os amores,
nas linhas da poesia, por vezes, traída.
A eternidade o espera, comovida
num fraterno abraço repleto em flores,
com todas as estrelas e seus fulgores
dando por fim a lágrima, ferida.
O céu concede a merecida glória,
na voz do anjo que feroz vocifera
os laços cruéis de uma triste história.
Doce momento que o poeta não espera:
Ao sentir os versos livres da memória,
há de sorrir como jamais fizera.
Prezados amigos Recantistas:
Considero-me privilegiado.
Ao fazer este soneto sobre o tema " Morte de um Poeta", simples como todos os que faço, imediatamente lembrei de três grandes e formidáveis amigos, que além de amigos, tenho-os como três dos mais geniais sonetistas dentre tantos que li e leio neste espaço de poesia que é o Recanto das Letras.
Ao serem convidados por mim a dividir esta página, imediatamente aceitaram o meu pedido e enviaram estes três maravilhosos sonetos.
Arão, Elen e Jacó: nomes simples, de pessoas simples, mas de uma grandiosidade poética e sobretudo humana, que admiro e respeito muito.
O meu muitíssimo obrigado aos três pelos indiscutíveis talentos emprestados à esta escrivaninha e estejam à vontade para postarem "OS QUATRO SONETOS" em suas páginas também. A beleza não pode estar presa a um único lugar!
A NOITE E O POETA
(Arão Filho)
Já é quase noite, triste poeta.
E o luzeiro no alto já vai se abrindo.
Os diamantes no céu vão surgindo.
De angústias, minh’alma jaz repleta!
Deita-te pelo breu, que a ti inspira.
E faz-me uma poesia, um lamento...
Dita aos teus versos o meu sofrimento.
E toda emoção que de mim transpira!
Fazes de lágrimas tuas palavras
Ah, copiadas do meu peito aflito
E eterniza-as no mar da história!
Pois s’eu morrer sem abrir as aldravas
Que me levem contigo ao infinito
Seremos versos idos da memória...
MORTE DO POETA
(Elen Nunes)
Poeta dos soluços circunstantes,
dos amores perdidos, mal queridos,
nos versos em lágrimas exauridos,
discorrem em seus últimos instantes.
Chora esta dor do versejar errante,
pela vida em fantasias desterradas,
rolando pranto pelas madrugadas,
clamando a morte pelo amor distante.
Venham céu e lua de estrelas matutinas,
cobrir o seu Poeta com azul manto,
quais ondas são dos mares prometidas.
Nesta hora em que parte em desatino,
façam-lhe do sepulcro doce encanto...
Como fora de encantos, seu destino.
VOLTANDO ÀS ORIGENS
(Jacó Filho)
Morre o corpo, mas o dom é da alma...
Manipula memórias livres da matéria,
Ao descobrir-se capaz, em vida etérea...
Anjos sorrindo, lhe transmitem calma...
O céu é seu lar como fora em poesias,
Em sonhos palpáveis que pode mudar...
A loucura eclode, pondo-se a duvidar,
Quanto de homem e de Deus ele seria...
Pode ver seus livros impressos na luz,
E cada inspiração, na fonte de origem...
E por algum momento sente vertigem,
Diante da força, que em glória traduz...
Ver que foi na terra, somente fuligem,
Da chama sagrada, tal os anjos dizem...
Obrigado amigos!
*** E de Porto Velho chega a participação de um dos "Reis do Cordel", o nosso amigo JERSON BRITO:
Quatro grandes escritores
De talento destacado
Vêm plantar as suas flores
Neste jardim tão amado
Elen Nunes, Jacó Filho
Nos encantam com seu brilho
Que faz bem à nossa vista
Amigo "Ká Ene Zê"
Arão Filho, com prazer
Abraços d'um cordelista.
Valeu Jerson!