O ÚLTIMO SONETO
Partirei deixando um pouco de tudo:
a crueldade da paixão homicida,
a tristeza que guardei pela vida
no delírio de um sonho louco, absurdo.
A coragem que abracei como escudo
a cada noite e em cada despedida,
de esperança por vezes esquecida
solitariamente. Mas sobretudo,
deixarei a saudade dos meus amores,
em cada canto que plantei meu canto
por entre a escuridão dos meus horrores.
E se meu epitáfio repleto em dores
jogar-te à beira de um enorme pranto,
deixe lágrimas como fossem flores.
A amiga, poetisa e professora ELEN NUNES dá a página um ar de sala de aula e envia este belo soneto:
TÉDIO
Sinto tédio nos ares, que me diz
desta vida inútil e amargurada,
que atrela minh’alma vazia, sem nada,
em curso deste viver tão infeliz.
Devaneei enfim por castelos dourados...
Fui jovem, amei mais que fora amada,
apenas entreguei desatinada,
meus anseios e sentimentos guardados.
Agora olho pra trás e pouco vejo,
este vazio espelhado no meu peito,
que arde e dilacera o meu coração.
Contemplo no derradeiro Soneto,
as mágoas sentidas de amor desfeito,
marcas das vivências em solidão.
Obrigado por abrilhantar esta humilde escrivaninha Elen.