MIASMAS
E surge um brilho no olhar, o amor se instala
Com tanta força, que se torna o nosso dono
Faz-se o algoz da solidão e do abandono
Sem ter noção de dimensão, foge à escala
Ante o desejo, que o cheiro do cio exala,
Sobre o império do prazer, ocupa o trono
Insaciáveis, terra, pó, rei e colono
Corpos se fundem, se confundem, qual mandala
A tempestade vem de fora e lhes abala
Tecendo malhas de crueza, como abono,
Esfria o beijo, silencia, morre a fala
Da sordidez e da mentira, por patrono,
Faz-se o sepulcro do amor, em reles vala,
Que, sepultado, jaz em seu eterno sono