MIASMAS

E surge um brilho no olhar, o amor se instala

Com tanta força, que se torna o nosso dono

Faz-se o algoz da solidão e do abandono

Sem ter noção de dimensão, foge à escala

Ante o desejo, que o cheiro do cio exala,

Sobre o império do prazer, ocupa o trono

Insaciáveis, terra, pó, rei e colono

Corpos se fundem, se confundem, qual mandala

A tempestade vem de fora e lhes abala

Tecendo malhas de crueza, como abono,

Esfria o beijo, silencia, morre a fala

Da sordidez e da mentira, por patrono,

Faz-se o sepulcro do amor, em reles vala,

Que, sepultado, jaz em seu eterno sono

Heliodoro Morais
Enviado por Heliodoro Morais em 02/10/2009
Reeditado em 02/10/2009
Código do texto: T1843510