Suicidou-se
Ainda que sente em suma morte,
Os olhos enxergam o fim ao leito
Não se observa a bater do peito
Quando se dá coração à vil sorte;
Entregou-se ao medo de ser forte
E hoje delega-se ao verme inteiro
Queria, pois, ter amor bem desfeito
Antes de dar aos pulsos vis cortes.
Agora se embriaga na lembrança só
De quem morre sozinha no derradeiro
Suspiro de amor sofredor e matreiro;
Agora na morte anuncia-se ser pó
E em inferno abraça-se ao candeeiro
Do silêncio eterno, morno e sorrateiro.