Sem palavras
 
 
Minha dor me toca em tal profundidade,
mas não tenho uma palavra pra explicá-la.
Vem a voz que quer dizê-la mas se cala,
pois não vejo o que ser dito, na verdade.
 
E essa ausência de algum verbo em minha fala
me angustia e me retira a sanidade,
pois se é muda a dura dor que a mim invade
não há meio de expeli-la ou de expurgá-la.
 
Sem a voz o meu espírito é restrito,
se contorce num silêncio tão aflito
e calada esta minh’alma põe-se louca.
 
Eu não posso me calar se eu acredito
que há um vocábulo ainda por ser dito
que permita que a dor saia pela boca.