O ESPELHO
O ESPELHO
Estando, ali no quarto, na moldura,
Parecia sofrer com meu viver.
Tudo viu, em silêncio, acontecer:
O meu rosto perder a formosura.
Companheiro na minha desventura,
Meu olhar, viu o pranto umedecer,
Apagar-se o meu sonho, o meu querer
Mergulhado nas ondas da amargura.
Ah, espelho infeliz, tu assististe
Toda angústia na minha mocidade!
Conseguiste enxergar como era triste,
Minha vida a partir da puberdade.
E agora, na velhice, ainda insiste
Em ver as minhas rugas da saudade.